Cidade portuária poderá receber investimento da parceria luso-sueca estimado em 700 milhões de euros. A Savannah, que quer explorar lítio no Barroso, diz que "estão em curso" conversações com as empresas
De uma lista inicial com 30 localizações possíveis, as parceiras Galp e Northvolt escolheram Setúbal para instalar a futura unidade de processamento de lítio que tem arranque comercial previsto para 2026, esperando-se que possa criar 200 postos de trabalho qualificados e outros três mil indirectos.
"A Galp e a Northvolt seleccionaram a cidade portuária de Setúbal como local para a instalação da fábrica de conversão de lítio da joint-venture Aurora, que pretende ser a rampa de lançamento para o desenvolvimento de uma cadeia de valor integrada de baterias de lítio na Europa”, anunciaram ontem as empresas em comunicado.
A localização escolhida, "no Parque Industrial Sapec Bay, tem acesso a infraestruturas, caminhos-de-ferro, instalações portuárias e a localização ideal para obter reagentes e reutilizar subprodutos", explicaram.
A parceria Aurora Lith, que foi anunciada pelo consórcio luso-sueco em Dezembro, prevê um investimento de 700 milhões de euros numa "refinaria" capaz de produzir entre 28 mil e 35 mil toneladas por ano de hidróxido de lítio- o bastante para o fabrico de 50 gigawatts hora (GWh) de baterias por ano, suficientes para 700 mil veículos elétricos, segundo as empresas.
A decisão final de investimento está prevista para final de 2023 e, até lá, o consórcio ainda aguarda para saber se terá acesso a fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), através da candidatura às chamadas agendas mobilizadoras, cujos resultados se espera que sejam divulgados no inicio do Verão. Na apresentação da candidatura, no final do ano passado, a Galp chegou a apontar Sines como a localização da refinaria.
"Setúbal merece este investimento", afirmou o presidente da autarquia, André Martins, citado no comunicado. "A Câmara Municipal de Setúbal e as juntas de freguesia têm investido na qualificação deste território", afirmou o autarca da CDU, sublinhando as "áreas industriais qualificadas, boas acessibilidades rodoviárias, ferroviárias e portuárias" do município.
O grupo Sapec, que dá o nome ao Parque Industrial "Sapec Bay", foi criado em1926 para explorar as minas de pirite do Lousal, em Grândola.
Hoje, de acordo com a informação da empresa, prestam-se aqui vários serviços, que incluem a "disponibilização de soluções e distribuição de produtos químicos para a indústria", serviços "de logística multimodal" e "serviços de logística portuária", incluindo cais de granéis sólidos e líquidos. As empresas asseguram que a futura fábrica de Setúbal será "uma das maiores e mais sustentáveis da Europa" e "utilizara um processo de conversão comprovado, aproveitando os recentes avanços e tecnologias de processamento para aumentar a sustentabilidade e eficiência da operação". Além disso, recorrerá a "energia verde para alimentar o processo de conversão, minimizando assim a dependência do gás natural como acontece na abordagem convencional".
No entanto, os responsáveis da Aurora Lith já admitiram que a actividade da refinaria não ficará condicionada à quantidade de recurso que venha eventualmente a ser extraído em Portugal, como por exemplo na mina do Barroso, que a britânica Savannah (que chegou a ter a dada altura um contrato de exclusividade com a Galp), tem actualmente em processo de licenciamento ambiental.
Em declarações enviadas ao Público, fonte oficial da Savannah adiantou que "as conversações com a Galp/ Northvolt estão em curso" e assegurou que a "proposta de localização para a refinaria mantem-na muito acessível para o fornecimento de espodumena do Projecto Lítio do Barroso", no concelho de Boticas.
Considerando que o investimento da joint-venture Aurora é "um passo fundamental no sentido de assegurar em Portugal, o estabelecimento de urna cadeia de fornecimento de lítio", a Savannah assegura que tem "registado excelentes progressos no estudo de viabilidade definitiva (da mina do Barroso)", no "plano de descarbonização" e nos "testes metaltúrgicos" realizados.
Do volume de hidróxido de lítio a produzir em Setúbal, metade será comprado pela Northvolt e utilizado na "gigafábrica" (nome que provem da unidade de medida Giga, equivalente a mil milhões) de Skelleftea, no Norte da Suécia, onde a produção de células para baterias arrancou no final de Dezembro, tendo como principais clientes as alemãs BMW e Volkswagen (que tem 20% da Northvolt).
O destino do restante será decidido pela joint-venture, estando em aberto a possibilidade de ser vendido a terceiros ou de ser adquirido na totalidade pela sócia sueca.
É também no distrito de Setúbal, especificamente em Palmela, que se encontra a Autoeuropa, uma das 14 fábricas do grupo Volkswagen.
Em Palmela são produzidos os modelos T-Roc, Sharan, Seat Alhambra e a fábrica portuguesa não tem estado na lista de fábricas onde o grupo admite vir a investir na produção de veículos elétricos, como é o caso das fábricas de Pamplona e Martorell, em Espanha.
A unidade de Setúbal poderá produzir hidróxido de lítio suficiente para o fabrico de 50 gigawatts hora (GWh) de baterias, o bastante para 700 mil veículos elétricos.
*Noticia retirada do site Publico:"